quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Tendências em RH – Entrevista com Isabella Nóbrega

entrevista

Conversamos com a consultora empresarial Isabella Nóbrega sobre a gestão de pessoas nas empresas atualmente. Nesta entrevista ela fala sobre as tendências e a forma como a área está sendo conduzida na prática hoje em dia.

1. Isabella nos fale um pouco de sua história profissional, em especial sua ligação com a área de recursos humanos.

R: Comecei a trabalhar muito cedo. Aos 17 anos já tive a responsabilidade de sustentar minha casa e arcar com todas as despesas, então mal terminei o 3° ano já estava no mercado de trabalho. De repente, uma adolescente que sempre teve uma realidade de tranquilidade financeira tinha que de uma hora para outra enfrentar um ambiente profissional em busca de sustento, foi bem traumático e me vi em diversas situações muito complicadas, o meio corporativo não é fácil. Desde então despertei o olhar para a questão da liderança dentro das organizações e como as empresas lidavam com os recursos humanos. Sempre digo nas minhas palestras, que nunca tive um líder realmente responsável e foi dessa forma que aprendi como não trabalhar com as pessoas, como não fazer. Passei por diversos setores como; varejo, financeiro, indústria, bancário, jurídico, eventos e então diante da experiência adquirida resolvi montar a Trampolim Consultoria e levar para as empresas minha visão de uma liderança ética e como administrar bem as pessoas pode nos render resultados incríveis e fazer a empresa crescer continuamente.

2. Pelo que você observa em empresas clientes, a área de gestão de pessoas é devidamente valorizada ou está deixada de lado? Comente por favor.

R: Trabalho com gestão de pessoas há 15 anos e muita coisa mudou nesse período, mas não tenho medo de afirmar que as empresas brasileiras ainda estão longe de reconhecer a importância de uma boa gestão de pessoas. Dentro do nosso país, temos localidades mais desenvolvidas e outras menos em relação a essa visão, mas em um contexto geral estamos todos muito longe de atuar com inteligência e respeito com as pessoas que empregamos. Ainda vejo empresas que maltratam sua mão de obra e que tratam seus colaboradores com total desrespeito. Ultrapassam a linha da humanização e voltam ao tempo que antecede a revolução industrial, sugando a mão de obra e tratando a todos como maquinas sem sentimentos, querendo apenas retorno financeiro sem muitas vezes oferecer ferramentas para tal.

3. Você tem observado alguma mudança em relação ao RH nos últimos anos? Há algo que não se fazia há 10 anos e agora já se pratica? Alguma evolução ou peculiaridade?

R: Como comentado, na questão anterior, identifiquei sim muitas mudanças. A globalização nos trouxe uma concorrência que vai além do nosso bairro, cidade, país ou até mesmo continente. Hoje concorremos com o mundo inteiro e temos acesso a essa informação através das redes sociais em tempo real. Diante disso, as empresas têm que evoluir, mesmo que a força. Muito se fala em recursos humanos lá fora e muito se faz. Temos novas ferramentas como o coaching, novos estudos e informações que levam a mudanças de pensamento tanto de empresários como da própria mão de obra. Os maiores escritores do assunto são de fora e isso mostra o quanto estamos atrasados sempre caminhando a sombra dos pioneiros. Então, por tudo isso, hoje muitas empresas brasileiras tem evoluído com a consciência de investir em um setor de recursos humanos realmente voltado para as questões das pessoas e não questões burocráticas como folha de pagamento, plano de saúde e etc. Isso se chama departamento pessoal e não RH.

4. O coaching é conhecido como uma boa prática para desenvolver pessoas. Você tem observado se as empresas utilizam a prática como parte das estratégias do RH?

R: O coaching aqui no Brasil é muito mal explorado, hoje vemos as ditas “escolas “de coaching fazerem rios de dinheiro com a disseminação da ferramenta, porém na realidade ele é pouco aplicado como se deve. Nos EUA, mais da metade das empresas, utilizam a ferramenta para trabalhar seus lideres e suas equipes. Visitei dezenas de clientes após a minha “formação” em coaching e os únicos que se interessaram com a metodologia e viram o valor do processo eram multinacionais ou empresas administradas por diretores estrangeiros. Então temos alguns problemas nessa questão, os profissionais irresponsáveis que não sabem divulgar e aplicar corretamente a ferramenta e o brasileiro que não gosta de investir em capacitação de pessoas.

5. Vários profissionais de RH costumam dizer que não tem “um lugar à mesa”. Ou seja, não são devidamente ouvidos e valorizados. Você concorda? Comente por favor.

R: Concordo. Como afirmei anteriormente grande parte dos empresários brasileiros veem os investimentos em capacitação como onerosos e deixam como ultima das prioridades. Temos empresas que valorizam sim o setor e são mais generosas (inteligentes) autorizando orçamentos anuais para treinamentos, capacitações e outros investimentos em qualidade de vida das pessoas. Agora o profissional tem que saber onde trabalhar, eu sempre pensei dessa forma, se a mentalidade dos que estão no alto da pirâmide não for de valorização do profissional você não conseguirá nada. Eu sempre escolhi onde queria trabalhar e procurei empresas que tivessem se não os mesmos, mas valores bem parecidos com os meus. Não adianta dar murro em ponta de faca. Se o empresário é mercenário pegue sua carreira e leve para outro lugar. Existem sim empresas que valorizam os recursos humanos e muitas que querem aprender como se faz, basta procurar.

6. Em sua opinião o RH de hoje consegue ser pragmático e objetivo? Em outras palavras, consegue medir efetivamente a contribuição que faz para os resultados da empresa?

R: Com certeza! Toda empresa vive baseada em resultados, então todas as ações desenvolvidas dentro de uma organização devem ser medidas e gerar relatórios efetivos de resultados. Com certeza, mensurar os resultados dos investimentos em recursos humanos é o mais complexo dos trabalhos, porém é totalmente possível. Devemos lembrar que o objetivo de qualquer empresa é lucratividade. Enquanto profissional de recursos humanos eu assumi a empresa com resultado X as pessoas que me contrataram esperam que em determinado tempo esse resultado se multiplique. Todo o trabalho em cima das pessoas deve gerar uma sensação de motivação e superação de desafios, um setor competente vai estimular constantemente essa otimização e consequentemente os resultados vão melhorar. Esse claro é o resumo da sensação, porém sendo bem pragmática temos que nos focar na criação de indicadores de desempenho que vão mostrar em números o que suas ações enquanto recursos humanos estão gerando de resultados efetivos, ou seja, a conhecida última linha. Existem diversos indicadores que podem ser criados; Desperdício de materiais, redução de consumo de materiais, metas atingidas, clima organizacional, valor do ticket médio, porcentagem de descontos trabalhada por vendedor, crescimento da taxa de lucratividade, satisfação do cliente interno e externo, rotatividade e uma infinidade de outras formas de medir a felicidade e efetividade da sua mão de obra.
7. Qual o maior problema hoje em relação à forma como as empresas gerem seus colaboradores? É possível apontar um?
R: Não investir em lideranças capacitadas para lidar com as pessoas. Sem sombra de duvidas esse é o maior problema que vejo em todos os casos que trabalho. Um líder deve ser responsável, ético, que conheça a forma correta de utilizar as ferramentas da administração e entenda a responsabilidade de gerir vidas, esse é o perfil de quem devemos contratar para a gestão dos nossos recursos humanos.
E o que vemos?
Pessoas despreparadas, cheias de conflitos e dominadas por poder, que não entendem o seu verdadeiro papel. Com um líder ruim, eu com certeza terei uma equipe ruim e com uma equipe medíocre, meus resultados serão medíocres. Não existe segredo.

8. Que sugestão você pode deixar para gestores de pessoas que queiram mostrar o verdadeiro valor do RH para o desenvolvimento da organização?

R: Sejam pragmáticos! O empresário quer ouvir o quanto de suas atitudes, enquanto profissional de recursos humanos, pode alavancar o lucro de sua empresa. Temos que saber nos comunicar e levar a eles o que interessa. A filosofia fica para nós profissionais do setor. Claro que você terá empresários que irão compartilhar do quão bonito é a ideia de fazer pessoas felizes e eficazes através do seu trabalho, porém essa não é a grande maioria. A pergunta deles sempre é; – Quanto a empresa vai ganhar se eu comprar esse treinamento? Se o colaborador for demitido perderei o investimento?
Crie indicadores concretos e ação após ação vá demonstrando os resultados obtidos. É uma questão de conquistar a confiança e mostrar o quanto efetivo é o investimento em pessoas. Pessoas felizes em um ambiente de trabalho justo e seguro trazem dinheiro para empresas, aumentam seus lucros, reduzem seus custos e se dedicam como nunca.
Contem comigo!
Avatar of Isabella Serra Nóbrega

Autor: Isabella Serra Nóbrega

Especialista em Gestão Empresarial, palestrante, consultora SEBRAE e Coach certificada pelas instituições: Behavioral Coaching Institute – BCI, International Association o Coaching e ECA – European Coaching Association. Isabella também é empresária no ramo de consultoria organizacional (Trampolim Consultoria), e tem mais de 14 anos de experiência em gestão de empresas e pessoas.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Como ser destaque em um processo seletivo

mercado de trabalho brasileiro é cada dia mais dinâmico e competitivo. Dada a instabilidade do setor que possui altos e baixos durante todos os anos é preciso se destacar para encontrar as melhores oportunidades. Muitas são as exigências e necessidades e nesta hora o profissional passa a questionar os seus diferenciais e competências.

Um processo seletivo é sempre diferente e cada vaga e organização precisa de um perfil distinto, por isso, não existe uma receita pronta, mas algumas dicas podem auxiliar profissionais colocando-os a frente de seus concorrentes.

Fernando Mantovani, diretor de operações da Robert Half Brasil explica que as competências técnicas embora importantes e para alguns casos indispensáveis, não são os únicos fatores decisivos para uma contratação, o comportamento ganha cada vez mais importância na hora de bater o martelo.

O comportamento ganha força principalmente por ser uma aptidão única a cada candidato, cada pessoa possui uma forma de agir e pensar, e a avaliação deste fator é realizada em todos os processos seletivos. Embora o comportamento seja inerente à personalidade de cada um é possível trabalhar competências para se alinhar as exigências feitas pelo mercado de trabalho.

Mantovani enfatiza que entre as principais características que destacam um funcionário na hora da contratação são:

Transparência: O ideal é mostrar ao recrutador como você realmente é, o que sabe, o que gosta, o que pretende. Um profissional transparente cativa facilmente e demonstra firmeza quanto as suas ações.

Experiência: Aqui não conta apenas experiência profissional, deixe claro suas conquistas pessoais e profissionais. Caso não possua experiência profissional saliente seus pontos fortes e mostre que possui objetivos definidos.

Disposição: Mostre que você vestirá a camisa da organização, que é um profissional proativo e interessado. Pergunte, questione e saliente que a oportunidade lhe interessa.

Comunicação: Como você se relaciona? Você sabe se expressar? Como é o seu trabalho em equipe? Estes e outros questionamentos sempre serão levantados, pois a comunicação é a base de uma organização e por isso saber lidar e gerenciar informações contará e muito.

É preciso ressaltar que não existem fórmulas mágicas que resultam em uma contratação imediata, mas é possível sim se diferenciar. Além dos pontos já destacados demonstre vontade e comprometimento, mesmo que sua bagagem profissional não seja extensa estas qualidades revelam a sua garra, anseio de crescimento e disposição para empreender.

Fonte: Como ser destaque em um processo seletivo | Portal Carreira & Sucesso